Servilismo linguístico

A língua pode revelar muitas coisas – inclusive o nacionalismo de um povo. Baseados nisso, podemos afirmar que o brasileiro não é nacionalista, pois, se o fosse, não haveria essa profusão de palavras estrangeiras entre nós.

Repare que não estamos com isso adotando uma postura xenófoba. De maneira alguma. Reconhecemos que as importações linguísticas são importantes para o enriquecimento do vocabulário de uma língua. Nossa crítica é contra as palavras estrangeiras desnecessárias: por que o coffee-break dos congressos e palestras se temos intervalo? Por que o off e o sale das vitrines se temos desconto e liquidação? Por que o delivery dos restaurantes se temos tele-entrega? Por que o job das agências de publicidade se temos trabalho? E os edifícios comerciais e residenciais, os parks, os towers e os residences? E nossa aversão a formas aportuguesadas? Temos vergonha de acordeom, balé, leiaute, Nova Iorque e Quioto; queremos acordeon, ballet, layout, Nova York e Kyoto!

Tudo isso reflete nossa falta de identidade como nação. Afinal se, no dizer do poeta, nossa língua é nossa pátria, estamos nesse emprego exagerado de termos estrangeiros renegando a nossa e exaltando outra – a mais rica, a mais poderosa – e, desse modo, assumindo o papel de colonizados.

E não vale dizer que a língua não é nossa, é dos portugueses, pois nos apropriamos da língua portuguesa do mesmo modo que os americanos se apropriaram do inglês. Basta ver que somos o país com o maior número de falantes da língua portuguesa e o maior irradiador – pelo teatro, cinema, televisão, música e literatura – dessa língua.

O crescimento e a afirmação de uma nação, mostra a história, passam pela valorização de sua língua. Nações fortes têm línguas fortes. Nações fracas, línguas fracas. O que queremos para o Brasil?

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