Nosso assunto é outro.
É a palavra "sêmi(s)", muito usada nas páginas esportivas do JC.
Sabemos, por alguns e-mails recebidos, que tal palavra está chamando a atenção de muitos leitores do jornal.
Não sem razão, pois essa redução com acento e plural do substantivo "semifinal" é muito pouco usada, diríamos mesmo que é exclusivamente usada no JC.
O que é muito ruim, pois mostra o desconhecimento da maioria em relação à nossa gramática.
Porque, se houvesse conhecimento, os que estranham "sêmi(s)" saberiam que os prefixos, quando substantivados, seguem as regras de flexão e acentuação da língua portuguesa, motivo pelo qual o JC escreve "as mínis", "as múltis", "as sêmis"...
Saberiam também que muita diferença há entre a morfologia de "semifinal" e a de "as sêmis": no primeiro caso, o prefixo "semi-" aparece agregado ao substantivo "final", formando com este uma palavra; no segundo, o artigo "a" substantiva o prefixo, transformando-o numa palavra paroxítona terminada em "i(s)", como "júri", e por isso acentuada.
É bom, portanto, ir se acostumando com a forma "as sêmis", pois ela está certíssima. Se o JC, por enquanto, é o único veículo que a usa, não é uma falha dele.
A falha, ou a desinformação, ou a insegurança, ou o preconceito, ou seja lá o que for, é dos outros.
Publicado na coluna "Com todas as letras", Jornal do Commercio do Recife, em 21/4/2010
15 comentários:
Claro como a água. Excelente, parabéns.
Cesar
Obrigado, Cesar.
Abraço.
Apenas uma falha de digitação, na linha 5 do texto: e-mail não deveria estar pluralizado 'e-mails'? A propósito, a pronúncia é mesmo 'i-mêil'???
Perfeito o texto!
Professor:
tu podes me tirar uma dúvida? O sufixo "ismo" na palavra homossexualismo tem mesmo sentido pejorativo, de doença? Se tu puderes me ajudar, agradeço-te.
Abraço.
Prezado Antóvila:
Falha corrigida.
Obrigado.
Quanto à pronúncia de "e-mail", em português é "i-meio", bem diferente da original, em inglês, "i-mel".
Abraço.
Anderson:
Na medicina, o sufixo "-ismo" expressa intoxicação:"alcoolismo",
"botulismo", "iodismo"...
Em "homossexualismo", no meu entendimento, esse sufixo aparece designando comportamento, como em "erotismo" e "materialismo".
Abraço.
Nossa, pesquisei em vários sites, enrolaram enrolaram e não diziam nada. Enquanto que aqui foi simples, direto e eficaz. De fato, não tinha pensado nisso. "-ismo", no caso da condição sexual, não precisa ser entendido como doença, mas sim como comportamento. Perfeito!
Obrigado!
Você escreveu "muito pouco". Ou é muito ou é pouco, certo? Fica a dica.
Prezado "Anônimo":
Não sei de onde você tirou essa ideia.
"Muito" é um adverbio de intensidade e, como tal, ele pode modificar o adjetivo "pouco", que pode ser substantivado ou adverbializado: "Muito pouca gente sabe disso"; "Muito poucos sabem disso"; "É muito pouco usado".
Note que, no caso de "muito pouco", somente o segundo pode variar.
Abraço.
Prezado Laércio:
Você é muito educado.
Conheço alguns professores que mandariam esses anônimos desinformados e atrevidos se recolherem à insignificância deles.
Um beijo.
Oi.É educado mesmo Maria,pois para mim anonimato é covardia e se fosse eu mandaria o anônimo se catar.Professor adorei essa explicação dos prefixos,eu não havia prestado atenção nesse detalhe nem li isso em gramáticas.Eu gosto de ler Luiz Antonio Sacconi poeque ele é cheio de detalhes,ele se acha até,mas não tem essa explicação.
Abraços,Lúcia
26/05/010
Gostaria que, se possível, esclarecesse-nos uma dúvida: o uso da expressão 'e/ou', que se vê amiúde, é correto, recomendável ou vai de encontro à norma culta? Onde e quando podemos usá-la?
Grato pela atenção dispensada!
"Fica a dica" foi ótimo, eufemisticamente falando.
Maria e Lúcia:
Este é um espaço democrático, as pessoas podem se manifestar, desde que não seja com agressividade, com baixaria.
Num ponto, porém, eu concordo com você, Lúcia: não é legal ficar no anonimato.
Afinal, uma opinião assinada com o verdadeiro nome tem muito mais crédito.
Saúde e paz para vocês.
Prezado Antóvila:
O uso de "e/ou" não consta na gramática normativa.
Mas é um recurso válido se for realmente necessário.
E quando ele realmente é necessário?
Quando houver três opções, a segunda expressa pela conjunção aditiva "e", e a última, pela alternativa "ou".
Por exemplo: "A verba servirá para reforma e/ou ampliação do imóvel".
Há três opções: 1. a verba servirá apenas para reforma do imóvel; 2. a verba servirá para reforma e ampliação do imóvel; 3. a verba servirá apenas para ampliação do imóvel.
Abraço.
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