Não, amigo leitor, não vamos falar das semifinais do torneio de futebol do Jornal do Commercio, como dá a entender o título deste comentário.
Nosso assunto é outro.
É a palavra "sêmi(s)", muito usada nas páginas esportivas do JC.
Sabemos, por alguns e-mails recebidos, que tal palavra está chamando a atenção de muitos leitores do jornal.
Não sem razão, pois essa redução com acento e plural do substantivo "semifinal" é muito pouco usada, diríamos mesmo que é exclusivamente usada no JC.
O que é muito ruim, pois mostra o desconhecimento da maioria em relação à nossa gramática.
Porque, se houvesse conhecimento, os que estranham "sêmi(s)" saberiam que os prefixos, quando substantivados, seguem as regras de flexão e acentuação da língua portuguesa, motivo pelo qual o JC escreve "as mínis", "as múltis", "as sêmis"…
Saberiam também que muita diferença há entre a morfologia de "semifinal" e a de "as sêmis": no primeiro caso, o prefixo "semi-" aparece agregado ao substantivo "final", formando com este uma palavra; no segundo, o artigo "a" substantiva o prefixo, transformando-o numa palavra paroxítona terminada em "i(s)", como "júri", e por isso acentuada.
É bom, portanto, ir se acostumando com a forma "as sêmis", pois ela está certíssima. Se o JC, por enquanto, é o único veículo que a usa, não é uma falha dele.
A falha, ou a desinformação, ou a insegurança, ou o preconceito, ou seja lá o que for, é dos outros.
Publicado na coluna "Com todas as letras", Jornal do Commercio do Recife, em 21/4/2010
Postado por
Laércio Lutibergue
às
05:45