Por trás das palavras

Geralmente é bem explícito o parentesco entre palavras.

Não há dúvida de que "cavaleiro", "cavalheiro" e "cavalgada" são da família de "cavalo".

Nem de que "cabeleira", "cabeleireiro" e "cabeludo" pertencem à de "cabelo".

Mas existem relações que se apagam com o tempo.

"Astro", "astrologia" e "desastre" têm a mesma origem, o latim "astru".

Em "desastre" o prefixo "des-" é uma negativa, informa que não existe uma influência positiva dos astros.

"Dom", "dona", "doação", "condomínio", "dominar" e "domingo" são filhas de "dominus", palavra latina que significa "senhor".

Do mesmo modo que "donzela", diminutivo de "dominicella" (senhorita).

Por falar em "senhor", "czar" provém de "Caesar", "César" em latim, que no alemão deu outro fruto, a palavra "kaiser".

César lembra guerra, guerra lembra armas, e então chegamos a "armário", que veio do latim "armarium", lugar onde se guardavam armas.

Do tempo do imperador romano para cá muita coisa mudou.

A palavra "candidato" nasceu naquela época como "candidatus", derivada de "candidus", o mesmo que branco, alvo, puro.

Na antiga Roma, os políticos tinham o costume de vestir uma toga branca na época de eleição, para levar o eleitor a acreditar que eles eram "puros".

Parece que a estratégia funcionava, porque o latim "corruptione" designava apenas o processo natural que acontece ao fim de todos nós, o apodrecimento da carne.

Hoje em dia "corrupção" (ou "corrução") virou sinônimo de suborno, de roubalheira.

Para saciar o apetite dos corruptos, só mesmo com muito imposto e com muito trabalho.

A propósito, "imposto" e "trabalho" são palavras perfeitas, mostra-nos a etimologia, para nossa trágica realidade.

Ambas vieram do latim, a primeira de "impositu", aquilo que é realizado à força, sem autorização; a segunda de "tripalium", um instrumento de tortura usado pelos romanos, três estacas afiadíssimas cravadas no chão à espera de um escravo.

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