Esse plural é aquele que não acrescenta nada – em termos de significação, de estilo e de correção – ao texto.
A pluralização desnecessária costuma ocorrer com palavras abstratas.
Palavras como “ausência”, “identidade”, “escalação (de jogador)”, “nome”, “presença”, “alma”, “morte” e “vida” não devem ser pluralizadas quando se referirem a mais de um sujeito.
Veja o caso da frase “É melhor irmos cuidar de nossas vidas”.
O que diz ela?
Que temos mais de uma vida, pois devemos cuidar de “nossas vidas”.
Isso seria possível, crenças religiosas à parte, se fôssemos gatos, que dizem ter sete vidas.
Mas, como somos humanos, “É melhor irmos cuidar de nossa vida”.
Outro caso: “Os nomes dos aprovados estão no jornal”.
Todos temos um só nome, certo?
Certo.
Mas não é isso que diz a frase.
Ela diz literalmente que os aprovados têm vários nomes.
Melhor e mais lógico seria dizer que “O nome dos aprovados está no jornal”.
O plural desnecessário é frequente também com as partes do corpo que são únicas.
Um exemplo: “Os sindicalistas balançaram as cabeças afirmativamente”.
São sindicalistas ou extraterrestres?
Sim, porque, como os seres humanos só têm uma cabeça, deveria ser “Os sindicalistas balançaram a cabeça afirmativamente”.
E nem as palavras que já encerram ideia de plural estão ficando livres da pluralização desnecessária.
Vejamos estes dois casos: “A solicitação das documentações será feita o mais breve possível”; “A rua está cheia de metralhas”.
Nesses dois exemplos, as palavras “documentação” e “metralha” foram vítimas do excesso de plural.
Por expressarem a ideia de “conjunto”, de “grande quantidade”, o singular já daria conta: “A solicitação da documentação será feita o mais breve possível”; “A rua está cheia de metralha”.
Há outros casos de plural desnecessário.
Mas você pode se livrar deles com facilidade: basta avaliar a real necessidade de pluralizar uma palavra, observar se o plural acrescenta alguma coisa, se faz diferença.
Se não faz, esqueça o plural.
Seu texto ficará mais leve, ficará melhor.
3 comentários:
Muito interessante. São detalhes que passam despercebidos. Mas o uso desnecessário do plural trata-se de erro ou a dica serve apenas para melhorar o texto?
Prezado Álex:
O plural desnecessário não é questão de erro gramatical.
E sim um problema que diz respeito à lógica e ao estilo.
Abraço.
nice post. thanks.
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