Dica de redação: “a nível de” e outras “muletas”

Palavras e
locuções muito usadas perdem a força, desgastam-se,  tornam-se “muletas”.

E o pior:
na maioria das vezes, não significam aquilo que as pessoas pensam.

Esse é o
caso de “enquanto”, mais bem empregada expressando simultaneidade de ações (“Enquanto
você reclama, eu trabalho”), mas muitos a usam forçadamente no lugar de “como”
ou das locuções “na condição de” ou “na qualidade de” (Ela, enquanto mãe,
merece respeito).

Outra
muleta irritante é “a nível de”.

Locução vetada
pela gramática, costumeiramente aparece em textos de pseudoeruditos.

Jamais a
use.

Em virtude do
significado da palavra “nível” (altura, grau, categoria), você pode dizer que
“O Recife está ao nível do mar” ou que “O assunto será discutido em nível de
governo federal”.

Sabendo
disso, não diga nem reproduza “absurdos” como os que se seguem: “A secretaria
tem problemas graves a nível de recursos”; “Os jogadores do Brasil são melhores
a nível de habilidade”; “A relação do casal só é boa a nível de cama”.

Meios e
locuções não faltam (em relação a, quanto a, no que se refere a, relativamente
a, no que tange a, no que respeita a, no âmbito de, numa escala, na esfera de,
com relação a, no que concerne a, do ponto de vista de) para
substituir a famigerada “a nível de” e tornar essas frases lógicas: “A
secretaria tem problemas graves no que concerne a recursos”; “Os jogadores do
Brasil são melhores com relação à habilidade” (ou simplesmente “são mais hábeis”);
“A relação do casal só é boa na cama”.

Sobre a
locução “em nível de”, apesar de ter lógica, está também, pelo exagero de uso, virando
uma muleta, razão pela qual se recomenda a substituição dela por uma preposição
ou por outra locução: “O assunto será discutido pelo governo federal” ou “O
assunto será discutido na esfera do governo federal”.

Além das
muletas vistas, fique longe do “já” dispensável (“Maracanã já está pronto para
a decisão”, bastava “Maracanã está pronto para a decisão”), do “seu/sua”
redundante (“O cantor elogiou sua mãe”, bastava “O cantor elogiou a mãe”), do
uso exagerado dos artigos (”Estou com uma vontade de comer pizza”, bastava ”Estou
com vontade de comer pizza”).

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