Um leitor entrou em contato conosco para criticar o título “Amanhã é o lançamento”, publicado na coluna passada.
Esse leitor entende que “amanhã” é futuro e, por isso, o correto é “Amanhã será o lançamento”.
Explicamos ao leitor o porquê da escolha do presente em vez do futuro e agora compartilhamos essa explicação com os demais leitores desta coluna.
Na Bíblia encontramos os dez mandamentos.
Não matarás, não adulterarás, não furtarás, são alguns deles.
O tempo verbal está no futuro. Mas isso não significa que somente no futuro não mataremos, não adulteraremos e não furtaremos.
Os verbos estão no futuro, mas a ação é uma ordem para já, para o presente.
Temos, então, o futuro com valor de imperativo.
Quando lemos, nos livros de história, narrativas como “Em 22 de abril de 1500, Cabral avista o Monte Pascoal e descobre o Brasil”, temos uma frase com os verbos no presente, mas com valor de passado.
É o presente histórico.
E em frases como “Amanhã eu faço isso para você”, “Amanhã eu estou de volta”, “Amanhã é o lançamento do livro”, temos o presente com valor de futuro.
Esses exemplos mostram que um tempo verbal pode assumir um valor paralelo ao que lhe é próprio.
Esse “valor paralelo” é chamado de aspecto verbal.
Especificamente sobre o presente com valor de futuro, estudiosos o associam a certeza (Celso Cunha & Lindley Cintra), a acontecimento próximo (Said Ali) e a ênfase (Evanildo Bechara).
Está, portanto, plenamente justificado o título “Amanhã é o lançamento”.
Publicado na coluna “Com Todas as Letras”, Jornal do Commercio do Recife, em 22/6/2011.
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